16 de dezembro de 2015

"Como Nossos Pais"


Acredito que seja normal compararmos o que somos hoje ao que nossos pais eram na nossa idade. Você já deve ter feito isso alguma vez.

Por exemplo, minha mãe engravidou de mim aos 24 anos. Nesta idade eu nem namorado tinha, quem dirá filhos. Aos 30 anos eu penso que meus pais eram adultos completamente maduros, com suas vidas mais ou menos resolvidas e eu nem mesmo sei onde estarei no fim de semana. E no fim de semana já terei 30 anos - hoje ainda tenho 29.

Lembro de ser criança e ter total segurança em relação ao que eles me diziam - eles sabiam sobre tudo, sempre. Hoje eu os vejo de forma tão diferente e isso me incomoda às vezes. Eles são menos super-heróis, agora são mais reais e mais humanos. Eles constantemente erram em suas suposições, precisam de ajuda para várias coisas e não me deixam mais tão segura em relação ao que afirmam. É obvio que gosto de estar com eles, mas ao invés de simplesmente relaxar porque um ou outro sabe exatamente o que está fazendo, eu tenho que ser parte de algumas conversas sérias e tomar decisões por eles também.


Como era fácil ser criança, como era fácil achar que meus pais eram os adultos mais sabichões do universo. Como cansa tomar decisões o tempo todo e lidar com as consequências de cada uma delas. Às vezes eu não queria decidir o que vou comer, queria chegar em casa e ter que comer fígado porque minha mãe disse que era bom pra saúde e porque se eu não comer, além de não ter sobremesa, ficarei de castigo. Queria acordar num sábado e ouvir que Hoje vamos ver o vovô e não ter mais nada a discutir a respeito.

15 de dezembro de 2015

Mais uma noite quente de dezembro


Fui acordada por seus latidos. Olhei e ela estava em pé ao meu lado, olhando fixamente para a cabeceira da cama. Demorei a entender o que estava acontecendo, porque Lily é sempre tão quietinha durante a noite... Será que estava incomodada com o calor? Mas aí eu vi a pontinha de um dos meus prendedores de cabelo. Por algum motivo Lily queria pegar aquele negócio.

Ainda muito sonolenta, estiquei o braço e toquei o prendedor de cabelo - que se moveu para trás rapidamente. Meu cérebro juntou algumas informações de modo muito rápido para quem estava num sono profundo: "Ei, essas coisas não andam". Levantei imediatamente e quase morri de desgosto ao confirmar que o prendedor não era um prendedor: a tal da coisa para a qual Lily latiu não estava mais ali, o que sugeria que se tratava de um ser vivo.

Corri para acender a luz. Ouvi um tec-tec-tec próximo à cama. Ai meu Deus, uma barata! Eu toquei numa barata! Nojo, nojo, nojo! Imóvel, sem nem piscar, fiquei encarando aquele serzinho nojento de anteninhas melindrosas. Pensa logo, faz alguma coisa! Eu estava apavorada demais para me mexer.

E de repente nossa amiguinha voou para cima do travesseiro - sim, ela tem a-s-a-s! Corri e abri a janela. E ela continuava lá, caminhando alegremente pelo meu travesseiro. Lily olhando atentamente e Dory também - a pobrezinha acabou acordando com toda a movimentação anti-cuca.

Não sei de onde saiu essa coragem, mas agarrei o travesseiro com a coleguinha antenuda e a arremessei pela janela. Ouvi um "poc", acho que ela bateu no chão, na parede, em algum lugar lá fora. Fechei a janela depressa e corri para trocar a fronha e lavar as mãos. 

Depois de alguns minutos deitei novamente, toda desconfiada e agradecida por ter Lily sempre por perto. O que seria de mim sem essa pinscher nervosinha?

Hoje não vou abrir a janela. Hoje Lily vai dormir ainda mais pertinho de mim. 

11 de dezembro de 2015

Oi, eu sou a pessoa que escreve "O Terapeuta"




Para ser sincera não sei porque eu parei de escrever - faz ANOS que não posto nada aqui. Eu digo a mim mesma que foi devido à falta de tempo, mas não é possível que tenha sido somente isso. O fato é que muito tempo se passou desde estive aqui pela última vez e é incrível o tanto de coisas que muda na vida da gente em apenas 3 anos...


Não tenho certeza de já ter mencionado minha idade aqui no blog, mas eu tenho 29 anos. E, sendo muito exata, farei 30 anos daqui a sete dias. Claro que eu tive um princípio de crise dos trinta anos, mas acabou tão rápido quanto começou. Na verdade, agora eu estou super curtindo este amadurecimento, pois acho que sou uma pessoa bem mais interessante e resolvida hoje e não estou mais preocupada com esse lance bobo de idade. 

Eu moro em São Paulo desde que nasci e moro sozinha desde março desse ano, depois que minha mãe se mudou para uma outra cidade. Eu estava cursando Letras na USP até pouco tempo atrás, mas finalmente me formei. Atualmente trabalho na área educacional e sou muito feliz profissionalmente. Namoro há 5 anos e pretendemos nos casar muito em breve. Tenho duas cachorrinhas lindas - uma delas foi adotada há apenas dois meses - e sou mega fã de animais. Não tenho muitos hobbies, mas adoro ler e escrever.

Uma coisa é fato: eu sinto falta de manter minhas redes sociais ativas e dialogar com gente que, como eu, tem umas crises existenciais meio malucas de tempos e tempos. É tão bom assumir sentimentos que achamos que só nós possuímos e que são mega estranhos e descobrir que, pelo menos, meia-dúzia de pessoas sente o mesmo no mundo.

E é por isso que estou voltando, eu acho. Vamos ver quanto tempo isso dura. Vamos ver se eu ainda há gente aí que se sente como eu às vezes. Prazer, pode me chamar de T.